segunda-feira, 18 de julho de 2011

Lisboa Antiga

Há sempre uma sensação de abandono no que toca ao tema antepassados.
Nunca os conhecemos, de alguns vimos apenas fotografias. Mas sabemos inúmeras histórias; onde viviam, o que faziam.
Há uma espécie de abandono no que toca a quem já morreu sem conhecermos. Deve ser a sensação que terá um filho cujo pai ou mãe partiu para parte incerta e nunca o quis conhecer. Claro que numa versão consideravelmente menos dolorosa.
Sei que tive tio e avós fadistas, primos artistas, antepassados nortenhos que quase consigo tocar quando visito a minha avó e que remontam ao tempo do Viriato naquela zona.
No bairro alto viveram uns quantos, amaram, odiaram, pisaram estas mesmas calçadas que agora piso, noutro tempo, com outros sonhos, outros problemas…
Os pais da minha avó por exemplo tiveram uma casa numa travessa que desço todos os dias. Ainda existe a porta e provavelmente a casa com as mesmas paredes onde a minha avó brincou. Não deixo de pensar nisto todos os dias quando ali passo. Encanta-me imaginar o que fariam, as suas motivações diárias, como nos teríamos dado se nos conhecêssemos.
Enquanto desço a travessa penso na imensidão de uma vida e na loucura da sua finitude, da sua brevidade.
MR

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